domingo, 25 de março de 2012

Saúde pública zela pelo bem-estar do morto


O ano de 2012 é o de eleições municipais, de grandes expectativas, principalmente para eles, os políticos. Então, os candidatos, com suas máquinas, seus séquitos de correligionários e cabos eleitorais procuram o povo. Prometem maravilhas aos anseios da população olvidada, socorrem de imediato, com consultas, remédio e transporte, aquelas famílias com alguém doente, desfavorecidas economicamente.  Um caminhãozinho de barro para aterrar aqui, uma promessa de emprego acolá.

Realmente, o gênio da Lâmpada de Aladim fica sem emprego nos anos eleitoreiros... Tudo é ótimo antes do nosso voto, é uma maravilha!

Estava lendo um jornal da vizinha cidade de Navegantes, de hoje, e uma das manchetes me chamou a atenção pelo ineditismo da história. O título é assim: “Equipe de saúde da prefeitura visita doente mais de um ano após sua morte”.  Pensei até que os integrantes dessa “equipe” tinham, por exemplo, visitado o corpo no cemitério. Arrepiante! Mas não era isso...

A atenção que o Sr. Emílio não teve do Poder Público enquanto vivo lhe sobrou após a sua morte. Com diabetes e problemas cardíacos, ele faleceu no dia 26 de agosto de 2010, aos 64 anos. Durante seus últimos meses de vida, seu filho ia toda semana ao posto de saúde buscar material para fazer curativos no pai, que teve parte do pé amputado por causa da diabetes.  “Não era uma empreitada fácil, pois muitas vezes não me davam o material completo, sempre faltava alguma coisa, eles diziam que não tinham”, conta o filho.

Marcar consultas era outra guerra. Cerca de cinco meses antes de morrer, seu Emílio havia pedido agendamento de uma consulta com o cardiologista. A família recebeu a ligação do posto de saúde do Gravatá (uma localidade de Navegantes) confirmando o agendamento, mas isto aconteceu em julho de 2011, quase um ano após a morte de seu Emílio.

O que deixou a família mais revoltada foi o que aconteceu em janeiro de 2012. “Um dia, no começo do ano, um carro da secretaria de Saúde estacionou aqui em frente de casa. Desceu uma funcionária com a prancheta na mão e disse que queria saber como estavam os curativos do meu pai”, conta Sérgio, indignado.

“Eles vieram aqui um ano e cinco meses depois de meu pai falecer. Enquanto ele estava vivo, lutando pela vida, ninguém apareceu aqui”, desabafa.

Coisas deste gênero não acontecem somente no Município de Navegantes, mas também em todo o nosso vasto e gigantesco Brasil. Então: Olho muito vivo! Aproveitem bem o ano eleitoreiro com suas maravilhas e, principalmente, votem com consciência.

(Cleusa, 23/03/2012)

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